O primeiro SUV totalmente elétrico da Jaguar fará sua estreia durante o Salão de Genebra, na Suíça, que abre as portas para os jornalistas nesta terça-feira (7). Previsto para chegar ao mercado em 2018, a novidade faz parte de uma ofensiva da marca no segmento dos utilitários, que começou com o F-Pace e contará ainda com o compacto E-Pace.
AAuto Motor und Sport, que pertence ao mesmo grupo Motorpress que a CARRO, teve a oportunidade de conhecer o I-Pace em primeira mão, antes de sua apresentação oficial ao público. E ela foi espetacular.
Em um estúdio escuro, os jornalistas puderam ter o primeiro contato com o Jaguar I-Pace usando óculos de realidade virtual. Logo em seguida, o local foi iluminado, retiramos os óculos e o carro surgiu, descendo em uma plataforma, tendo a cidade de Los Angeles como cenário. Foi um show cinematográfico, e não à toa, realizado em Hollywood.
Mas, além de outra grande apresentação inovadora, o espetáculo promovido pela Jaguar desta vez serve como marco, não apenas por se tratar de um carro elétrico – afinal, outras fabricantes já anunciaram e exibiram modelos com arquiteturas específicas –, mas principalmente porque o I-Pace deve ser o primeiro automóvel desse tipo produzido por uma grande fabricante capaz de rivalizar com o Tesla Model X.
A ideia é lançar o carro em 2018, e a Jaguar trabalha nisso desde 2014, quando a equipe foi criada com 20 pessoas (hoje são cem), sob o comando de Wolfgang Ziebart, que acumula anos de experiência em empresas de tecnologia e participou do desenvolvimento do iPhone, entre outros trabalhos bem-sucedidos.
O resultado foi o conceito simples, e, ao mesmo tempo engenhoso. Posicionados entre os eixos do carro (cuja distância é de apenas três metros), estão os 36 módulos de baterias de íons de lítio com 90 kW.h de capacidade. O compartimento de alumínio das baterias é parte integrante da estrutura do automóvel e ajuda a manter o peso do I-Pace em 2.150 kg. Assim, esse Jaguar consegue ser significativamente mais leve que o Tesla Model X, que pesa cerca de 2.500 kg). Adicione a ele um baixo coeficiente aerodinâmico (Cx de 0,29) e o sucesso é quase certo.
De acordo com os estudos da Jaguar, o I-Pace deve ter autonomia de 500 km (seguindo as normas europeias) e poderá ser recarregado em 90 minutos (80% da capacidade). Caso seja necessário durante uma viagem, o motorista poderá recarregar o I-Pace em um posto com equipamento de carga rápida, e em cerca de 12 minutos ele terá 100 km de autonomia à disposição.
AUTONOMIA COM POTÊNCIA
O I-Pace conta com o mesmo tipo de motor nos dois eixos: um modelo compacto, com 500 mm de comprimento e 234 mm de diâmetro, capaz de fornecer o equivalente a 200 cv. “Graças a essa potência e aos 71,4 mkgf, além da tração nas quatro rodas, nosso modelo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em cerca de 4s”, promete Ian Hoban, diretor de projetos da Jaguar Land Rover.
Um aspecto importante: a fabricante preferiu não adotar pneus especiais em seu futuro modelo elétrico de grande autonomia. “Isso poderia nos proporcionar algumas milhas a mais no alcance, mas o desempenho e, principalmente, a segurança, falaram mais alto”, explicou Ziebart. O diâmetro das rodas foi limitado a 21”.
Uma grande vantagem do automóvel projetado para ser elétrico é que, graças às menores dimensões do seu conjunto motriz em relação ao convencional, é possível oferecer muito mais espaço para ocupantes e bagagem.
Assim, com 4,68 m de comprimento, o I-Pace consegue oferecer espaço de sobra para quatro adultos, além de um amplo porta-malas (530 litros com os bancos traseiros na posição normal). Ele ainda conta com uma área adicional na parte frontal, com 38 litros de capacidade, suficiente para bagagem de mão. Detalhe: a versão final poderá ser ainda mais espaçosa, já que a carroceria pode ser um pouco mais alta, o que não seria nada mau, especialmente para aqueles que medem mais de 1,80 m.
Falando sobre o interior, a Jaguar exibiu ainda o seu novo conceito de cabine no I-Pace, no qual se destaca a enorme tela tátil de 12” da central multimídia e a segunda tela (de 5,5”) com comandos giratórios do ar-condicionado. Como não existe câmbio (nem alavanca), há espaço de sobra no console e uma tecla permite ajustar os modos de condução.
Mas a grande questão é: quanto custaria um modelo desses? Ainda é prematuro dizer, mas durante a apresentação do SUV conceitual elétrico cogitava-se que o I-Pace deveria custar, no máximo, 15% a mais que um F-Pace. Alguns especialistas, porém, afirmam que o preço do modelo, hoje, estaria na faixa de 75.000 euros. Assim, as duas possibilidades indicam que o futuro Jaguar será um modelo relativamente acessível. Ele ainda é um conceito, só que está mais próximo da realidade do que imaginamos.
A TECNOLOGIA POR BAIXO DO I-PACE
- BATERIAS: O conjunto é composto por 36 módulos de baterias de íons de lítio, com capacidade para 90 kW.h e está localizado entre os eixos do veículo, o que permite manter o centro de gravidade em posição baixa. As baterias são arrefecidas por meio de um circuito de dois estágios e o compartimento que as armazena é feito de alumínio e ainda atua como elemento estrutural do automóvel.
- GERENCIAMENTO DAS BATERIAS: Esse sistema é um dos orgulhos da Jaguar, pois a empresa garante que o controlador desenvolvido por ela permite que motores e baterias trabalhem da forma mais eficiente possível. Além disso, com um recarregador especial será possível fornecer 80% da carga total das baterias em apenas 90 minutos, segundo a Jaguar. A autonomia será de 500 km.
- MOTORES ELÉTRICOS: Do tipo síncrono com imãs permanentes, os dois motores do I-Pace são dispostos de modo a proporcionar o melhor aproveitamento de espaço possível. Além disso, eles são extremamente compactos, com apenas 500 mm de comprimento e diâmetro externo de 234 mm. Apesar do tamanho, ambos são muito potentes e podem entregar o equivalente a 200 cv e 35,7 mkgf cada. O motorista pode selecionar o modo de recuperação de energia nas desacelerações e frenagens.
- EIXOS E SUSPENSÃO: A geometria da suspensão dianteira foi baseada na do F-Pace e do F-Type. Já a traseira utiliza o padrão adotado nos modelos XE, XF e F-Pace (multibraço), que permite aos engenheiros obterem o melhor compromisso entre rigidez longitudinal e transversal, independentemente do ajuste adotado para o tipo de condução desejado.